Além da propagação do preconceito genérico e desinformação
O assunto da vez: bolsa crack. Você já deve ter visto alguém compartilhando algumas groselhas dizendo que agora as pessoas ganham dinheiro por usar crack, que ganham mais que um salario mínimo, mais do que uma pessoa trabalhadora, rable, rable, rable.
A gente já começa com um nome totalmente impreciso, que leva ao preconceito genérico que segue outros tipos de auxílio. Aposto um chiclete e um clipes que você não sabia que o nome do programa é Cartão Recomeço. Além disso, foi inspirado num programa mineiro chamado Aliança pela vida. Aliança pela vida virou "bolsa crack". Valeu grande mídia pelo desserviço.
Mas vamos lá: primeiro ponto, o auxílio não é para o dependente.
Segundo, o auxílio não é simplesmente para a família do dependente.
Terceiro, e bem importante, não é dinheiro. Pare de ser idiota e dizer que alguém tá ganhando mais do que um trabalhador que ganha um salário mínimo, o auxílio não fará dinheiro físico circular. O recurso só pode ser liberado pra uso em clínicas credenciadas.
Vale lembrar que a luta contra o crack é um problema de grande complexidade, e que outras políticas como internação compulsória não dão bons resultados. O tratamento de dependência química não é barato.
E se você acha que a gente tinha que "juntar todos esses vagabundo e mete bala", infelizmente ainda não existe auxílio pra tratamento da sua doença, mas já que você não é vagabundo, pode se virar pra conseguir tratamento por si só.
Agora a desinformação, essa tem cura, é bem barata e está acessível pra você se você leu até aqui e sabe usar o google.
(Texto: Povo Brasileiro.facebook)
‘Bolsa crack’ de R$ 1.350 vai pagar internação de viciados do Estado de SP
Por Bruno Ribeiro e Tiago Dantas - O Estado de S. Paulo - Atualizado às 22h50
Famílias com parente dependente de crack vão receber uma bolsa do governo do Estado de São Paulo para custear a internação do usuário em clínicas particulares especializadas. Chamado “Cartão Recomeço”, o programa deve ser lançado na quinta-feira, com previsão de repasses de R$ 1.350 por mês para cada família de usuário da droga.
Segundo o secretário de Estado de Desenvolvimento Social, Rodrigo Garcia, a proposta é manter em tratamento pessoas que já passaram por internação em instituições públicas. “São casos de internações em clinicas terapêuticas, pelo período médio de seis meses”, afirma.
Os dez municípios que receberão o programa piloto devem ser definidos nesta quarta-feira. Ainda não há data para o benefício valer em todo o Estado. As clínicas aptas a receber os pacientes ainda vão ser credenciadas, mas ficará a cargo das prefeituras identificar as famílias que receberão a bolsa. “Saúde pública é sempre para baixa renda. Os Caps (Centros de Atendimento Psicossocial das prefeituras) já têm conhecimento das famílias e fará a seleção”, diz Garcia, sem detalhar quais serão esses critérios.
Como antecipou o site da revista Época, o pagamento da bolsa será feito com cartão bancário. A ideia do Cartão Recomeço é ampliar a rede de tratamento para dependentes e, principalmente, a oferta de vagas para internar usuários. O trabalho desenvolvido pelo governo sofre críticas por causa da falta de vagas, especialmente após a instalação de um plantão judiciário no Centro de Referência de Tabaco, Álcool e Outras Drogas (Cratod), no Bom Retiro, centro da capital, ao lado da cracolândia - entre janeiro e abril, segundo o governo, cerca de 650 pessoas foram internadas após o atendimento no Cratod.
Para o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas na Faculdade de Medicina da Unifesp, que participou da criação do Cartão Recomeço, a vantagem do modelo é descentralizar o financiamento do tratamento. “Muitas famílias, mesmo de classe média, estouram o orçamento tentando pagar tratamento para o familiar dependente.”
Com o cartão, diz Laranjeira, as famílias terão uma “proteção” para o caso de o parente ficar viciado. “A família poderá ter dinheiro para oferecer ajuda caso o dependente aceite uma internação.”
Inspiração
O programa que o governador Geraldo Alckmin (PSDB) vai lançar é semelhante ao desenvolvido em Minas. Apelidado de “bolsa crack”, o cartão de lá é chamado Aliança Pela Vida e dá ajuda de R$ 900.
A assessoria do Palácio dos Bandeirantes rejeitou o termo “bolsa crack” - segundo o secretário Garcia, o apelido é “maldoso”. O governo também ressalta que o recurso é carimbado e só pode ser sacado para pagamento em clínicas credenciadas. O plano envolve técnicos das Secretarias de Desenvolvimento Social, da Saúde e da Justiça. O pagamento sairá do orçamento da Secretaria de Desenvolvimento.

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